A-M-E-I o fim da novela "Paraíso"!
Assim, achei linda a última parte. O lugar, a paisagem, a fotografia ... a novela em si, para falar a verdade, eu havia deixado de acompanhar de uns tempos para cá. Não estava chata, mas eu estava em outra. Mas como a trama principal é previsível, eu me comprometi a acompanhar a última semana.
Achei muito bem bolada a idéia de criar um enredo cujos personagens principais são uma "santa" filha de uma beata fervorosa e desmiolada e um cara conhecido como "filho do Diabo", tudo isso numa cidade interiorana e pequena, onde, como todo bom interior, lendas e causos fazem com que personagens do tipo sejam exageradamente temidos. E o nome da cidade ainda é "Paraíso", rsrsrs ... o desenrolar da trama foi sempre interessante. A garota não aguentava a veneração dos fiéis para com ela e nem o suatus de santa, mas resolve se dedicar a rezar diariamente em busca do milagre da cura do filho do Diabo, que está paraplégico numa cama. Graça alcançada, hora de cumprir a promessa: tornar-se freira. Mais pra frente, conclui-se que o rapaz foi curado não por milagre, o que deixa a garota livre da promessa mas, até o fim da novela, sempre que o destino estava à favor do romance dos dois, acontecia algo que os afastava ainda mais. Enfim, como a novela já acabou, não é spoiler dizer que eles ficaram juntos no fim. Pouco antes do casamento dela com um outro, o filho do diabo toca o berrante, coisa que sempre mexeu com a santa, que larga tudo e vai atrás de seu amor.
Gosto das novelas do Benedito Ruy Barbosa. Geralmente, são novelas das seis da tarde e por isso mesmo são suaves, cômicas, emocionantes. Quase sempre se passam num interior e levam o telespectador a conhecer um novo mundo, novos costumes, modos de vida, valores ... foi assim em "Cabocla" e "Sinhá Moça", novelas que não acompanhei (exceto a primeira), mas que soube por outros. Ele não enfatiza as desgraças da vida, como acontece com as demais novelas, e sim os costumes locais como devoção religiosa, fofoquinhas de cidade pequena,política, ingenuidade dos personagens, comédia .... a personagem beata fundamentalista vivida pela Cássia Kiss nesta novela foi impagável!! Nem Perpétua ganha dela! Ele também insere uma conscientização social em suas tramas, principalmente sobre o modo de fazer política no Brasil. Desta vez, a rádio da cidade levava informação ao povo não só sobre política, mas saúde, ecologia, curiosidades. É importante porque parte do público do Ruy Barbosa é justamente o povo que seus personagens representam, e nesses locais ainda prevalece uma política mais rudimentar. Fora que a valorização exagerada de tradições faz com que muitas coisas importantes continuem sendo tabus entre eles, e a novela consegue abordar isso com sutileza e sem chocar as pessoas, coisa rara na tv.
Bom, aqui a sequência (maldita reforma da língua portuguesa: é tão estranho não usar o trema!) das cenas mais lindas do capítulo final. Amei, muito bonito!